terça-feira, 25 de maio de 2010

Okupas

Ocupas são um movimento social, também chamado de tribo urbana, que começou em muitas cidades europeias e hoje existe por todo o mundo. Designa os colectivos, de jovens principalmente, que se dedicam a ocupar edíficios abandonados. Em Portugal existem no Porto, Lisboa e Setúbal.

As ocupações destinam-se à habitação, constituição de centros sociais, locais de convívio, oficinas, albergue para viajantes.

A desertificação dos centros citadinos devido à terciarização (em Portugal culpa-se a lei das rendas), a falta de habitação, a chegada de migrantes dos centros rurais, imigrantes e ciganos, movimentos políticos anarquistas e de esquerda anti-desperdício e de reabilitação urbana contríbuiram para o seu aparecimento.

As origens ideológicas remontam à contracultura dos anos 60 e tiveram grande impulso com o Punk e mais recentemente com as raves.

Em Londres estimam-se em 13000 os ocupas (Squatters em inglês), em Berlim nos anos 80 ocuparam-se bairros inteiros, em Espanha existem cerca de 200 casas ou centros ocupados e 2500 pessoas envolvidas. Em Itália desenvolveram-se desde os anos 70 os Centros Sociais Ocupados Autogestionados, ligados à esquerda, tanto parlamentar como radical e a grupos anarquistas.

É uma tribo politizada que combate a especulação imobiliária e o desperdício.

Os membros dos colectivos de ocupas não se organizam com o pensamento na ascensão social ou no ânimo de lucro, os seus objectivos são usar a criatividade, a diferença e vida alternativa, a ajuda a actividades ecologistas e políticas pouco visíveis (vegetarianismo, uso de bicicleta, ajuda a reclusos, direitos dos homosexuais, etc.).

Dedicam-se à reciclagem, não só de casas mas também de comida, mobiliário e demais objectos. Alguns dedicam-se à animação de rua (música, malabarismo, teatro). Também existem estudantes e trabalhadores precários, vendedores de publicações sociais e artistas independentes.

As actividades das casas ocupadas são eventos solidários (beneficiência para colectivos de direitos humanos e direitos dos animais), concertos, local de reunião de colectivos, promoção de arte alternativa, debates, projecção de filmes e documentários, edição de fanzines, rádios e websites, distribuidoras de livros e publicações.

As ocupas comunicam entre si num sistema de rede e existem anuários e sites da internet onde estão colocados os seus endereços.

1 comentário:

  1. Mesmo estatisticamente parece ser melhor okupar....

    «Segundo os censos de 2001 dos cerca de 5 milhões de fogos existentes em Portugal cerca de 543.777 (11% do total) estão devolutos, mais de 150 mil só na área de Lisboa. Cerca de 796.000 se encontram degradados (dos quais 211.000 estão em estado médio e 114.000 em estado grave de degradação) e perto de 300 mil famílias (8.0% do total) vivem em habitações sem as mínimas condições de habitabilidade. Os dados vão mais longe, existem 978 mil alojamentos aos quais falta uma das cinco infra-estruturas básicas.
    A habitação tem sido uma das principais preocupações das políticas de Estado nos últimos trinta anos. Como consagra a Constituição da República, no capítulo dedicado aos Direitos Sociais. no n.º 1, do artigo 65.º «todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preservem a intimidade pessoal e a privacidade familiar». Por tal motivo tem havido nos últimos anos e por parte dos sucessivos governos um investimento na construção de habitações económicas e sociais, assim como um forte incentivo ao crédito habitação para a aquisição de casa própria.
    Nos últimos vinte anos a prática imobiliária tem sido primordialmente a da compra e venda sendo que este sector do mercado cresceu 33% enquanto que o do arrendamento diminuiu 46%. O aumento do mercado de venda em função da diminuição do arrendamento deve-se à melhoria das condições de vida da população portuguesa aquando da entrada dos fundos da CEE e à consequente aposta do Estado nos créditos bonificados para a habitação. Entre 1996 e 2001 o número de fogos degradados aumentou em cerca de 11%, no entanto, o número de fogos aprovados decresceu 60%. O Estado tem gasto mais verbas no incentivo ao crédito habitação (cerca de 5 mil milhões de euros) do que na reabilitação do parque habitacional (cerca de 160 milhões).»

    Resende, K. (2006)"O movimento Okupa
    Entre o problema da vivenda e a autogestão contracultural" - Seminário de investigação em Sociologia.

    ResponderEliminar