quinta-feira, 15 de julho de 2010

Mendigos, Vadios e Estranhos

Durante a juventude as opções de vida condicionam o futuro. A vivência com intensidade em subculturas juvenis (punk, metal, rap, etc), a dedicação a uma arte (música, poesia), a pertença a movimentos políticos (ocupas, libertários), ser viajante, vegetariano, levam uma minoria da população a não se desenvolver por caminhos normais (estudo, trabalho), fazendo tabula rasa do sistema e colocando-se nas suas margens.

Acompanhando as opções outros comportamentos contribuem para se diferenciarem da maioria: delinquência, uso de drogas/alcool, vida boémia/nocturna. Mas estudemos as tentativas de criação e acção de alternativas.

Provindo de todas as classes sociais os jovens que procuram alternativas no âmbito das suas possibilidades e sonhos ou que se entregam pura e simplesmente ao destino, sobrevivendo aqui e ali de biscates, desenvolvem a sua vida de uma forma ricamente social, através de colectivos, bandas e associações.

A maior ou menor radicalidade da opção escolhida assim como a intensidade da entrega ditará o porvir de tal acção.

A muitos destes indivíduos corresponde uma identidade grupal que se desvanece com a idade, conduzindo à solidão e muitas vezes ao celibato. Também se pode salientar que os grupos e correntes alternativas são muitas vezes apelidados de modas e explorados como nichos de consumo.

À chegada à meia idade, se as alternativas não conduzirem à independência económica estes indivíduos estarão dependentes da família ou do estado ou em alguns casos, estarão em situação de sem-abrigo.

Esta minoria (lumpenproletariat), que não trabalha, pelo menos a tempo inteiro e em actividades lucrativas é desprezada pela economia tanto por marxistas como por crentes na economia de mercado, vistos como perdedores tanto por uns como por outros.

As escolhas de vida que levam a que se viva com pouco ou nenhum dinheiro não significa miséria, pode-se dizer que uma linha muito fina separa a pobreza sonhadora da pura indigência.

As mais variadas instituições encarregam-se da integração das pessoas que ultrapassaram a tal linha, Instituições de solidariedade social, Hospitais Psiquiátricos, Igreja, mas cabe a cada um sair da sua situação de carenciado.

Ao longo da história e em todas as sociedades sempre existiram homens e mulheres que não encaixam na ordem estabelecida. Rebeldes ou malandros, livres de espírito ou escória. Depois do fulgor dos projectos e iniciativas chega a idade da resistência, resistir ao envelhecimento e à doença.

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